segunda-feira, novembro 28, 2011

Na 25 de março

Recém chegada do interior, minha tia comentou que nas lojas de tecidos da 25 de Março sempre tinha alguém desenhando. Lá fui, levando uma pasta com desenhos, desci na estação São Bento. Era loja ao lado de loja, muitas, todas com vitrines exibindo tecidos finos, coloridos, brilhos de paetê. Com coragem de quem está doida para ser independente, entrei em várias lojas. E no primeiro dia, a sorte me ajudou, consegui o meu primeiro emprego (de carteira assinada). Logo descobri que não era exatamente o que eu pretendia como carreira, mas desenhava vestidos que as mulhres usariam em festas. E deu para viver disso por um ano e meio. Ao lembrar, acho engraçado. A 25 era tão diferente. Conheci os últimos anos de glamour da rua 25 de março.

sexta-feira, novembro 04, 2011

Aquarela de viagens - de Tsutomu Murakami



Crônicas de viagens são sempre saborosas. Junto com uma aquarela então... Tsutomu Murakami (também autor de livros ilustrados) fez muitas viagens com intuito de pintar ao vivo. Diz que, quando jovem, a cada ilustração que terminava para um livro, saía em viagem carregando uma mochila com seu caderno de desenho.

Tomei a liberdade de recortar um detalhe dessa aquarela, paisagem de Istambul, para mostrar melhor as pinceladas.
A crônica que acompanha a imagem é muito interessante, mas na dificuldade de transpor integralmente, traduzi aqui algumas palavras dele — "Muitos pintores usam seus cadernos de sketch e fotos como referências para pintar em seus ateliers, ampliam em telas as imagens, repensam na composição. Mas com tudo isso, vai-se o vento e o cheiro do lugar, além de perder a energia das pinceladas."

Ele conta ainda que, para tentar captar uma boa imagem, o difícil é achar o lugar. "É quase um milage quando a paisagem diante dos olhos sintoniza-se com a paisagem que estou buscando. Mesmo sabendo disso, com a sensação de que irá surgir esse lugar, continuo caminhando... "

"Esse sketch de Istanbul, depois de andar muito, pensei —Ai, vai ser aqui mesmo — e me sentei para pintar. Logo passou aquela sensação de dificuldade inicial e virou um sketch que merece ser chamado de sketch."

(da revista MOE- Japão, 1991)