quarta-feira, dezembro 15, 2010

Caipirices


Lembrar é bom, é uma forma de saber da nossa identidade. E fico contente quando consigo colocar essas coisas dentro do livro. Por exemplo, o forno. Construído pelo meu avô, em tijolo, depois pintado de cal branco. A lenha ia dentro, queimava até virar brasa. E quando atingia uma alta temperatura, essa brasa era varrida para fora com vassourinha de galhos de alecrim. Um cheiro gostoso de erva se espalhava pelo quintal.
Lembro que minha mãe usava o forno para assar biscoitos de maizena e manjus (doce japonês). Vez ou outra, a vizinha vinha emprestar o forno, assava pães. Deixava sempre um para nós, embrulhado em pano de prato feito de saco de açúcar, alvo, bordado. Pão gordo, casca grossa, macio por dentro.
Mas, nessa época, sem saber apreciar as coisas boas da roça, queria pão da cidade, pão de padaria, casca fina e quebradiça, embrulhado num papel.

2 comentários:

martina disse...

eu lembro que uma vez minha vó queimou toda frente dos cabelos e as sobeancelhas, fazendo fogo num forno desses!
mas o pão ficou uma delícia, apesar do cabelo estranho da minha vó. hehe

Lúcia Hiratsuka disse...

Martina,
quem teve um forno assim, sempre tem histórias.

Beijos
Lúcia